sábado, 12 de novembro de 2011





O primeiro responsável por uma equipa em evidente crise de exibições e de resultados é – e será sempre – o treinador. É ele que treina os jogadores, que os orienta, que os lidera, que os escolhe e os substitui durante os jogos. Sem sucesso, sem vitórias, o desemprego é, mais cedo ou mais tarde, inevitável. É cultural no desporto, até porque, convenhamos, é uma solução muito mais lógica e realista do que mandar os jogadores embora.

É o que acontecerá a Vítor Pereira nos próximos tempos se a equipa continuar a ser uma caricatura mal feita daquela que brilhou num passado recente - basta que na próxima semana, em Coimbra, haja Taça e se abra caminho para que contra o Shakhtar e contra o Braga tudo seja uma desgraça. Mas, por favor, batam, como eu, na madeira para que nada disto aconteça, porque, caso contrário, corremos o sério risco de reviver a sofrível época pós-Mourinho.

Admito que não sou um entusiasta de Vítor Pereira. É verdade que está longe de ser um “génio da táctica” – aqui, em Portugal, todos sabemos que só há um que faz questão de o dizer a toda a hora –, que toma opções discutíveis e algumas, até, incompreensíveis. É certo que não parece ser um líder forte, um fantástico gestor de emoções e de personalidades e um comunicador perfeito – aquele teatral discurso na conferência de imprensa na véspera da visita a Olhão, se para o exterior teve algum efeito, no balneário teve a eficácia que, infelizmente, se previa: zero.

Vítor Pereira tem óbvias responsabilidades, mas não pode ser o único culpado nem, infelizmente, o principal – se assim fosse seria tão fácil quanto despedi-lo e contratar um sucessor. O grande problema é que herdou um balneário traído por um líder que a muitos jogadores tirou os sonhos, a motivação e a ambição e, não contente com isso, ainda os assediou acenando com contratos de milhões. É assim que se destabiliza um plantel, é assim que se destrói uma equipa. Porque quando há jogadores que treinam com o telemóvel no bolso até ao penúltimo dia do mercado de transferências – porque no último dia de Agosto conseguiram fazer com que não houvesse treino -, quando cabeça está noutro lado, não há treinador que resista. Reconheçamos, é que nem o pior treinador do mundo, por muito mau que possa ser, consegue vulgarizar uma equipa fabulosa em três mesinhos apenas.

E é por isso que, cada vez acredito mais que, depois da deserção tão inesperada quanto censurável do homem que afinal não estava na cadeira de sonho e de todo os danos que isso acarretou no plantel, Falcão não deveria ter sido o único a dizer adeus. Com ele deveriam ter ido mais alguns, aqueles que hoje que hoje estão a minar o plantel que nem a um "berro” do presidente no balneário, ainda em Chipre, logo após aquela inenarrável exibição, é capaz de reagir.

É triste, portanto, ver que alguns jogadores a quem o clube deu tudo, que com aquele esplendoroso emblema ao peito, ganharam tudo, retribuam assim, com falta de atitude, de empenho, coragem e de paixão. Não merecemos. Nós, o clube, nós, os adeptos, os que não assobiam, mas que apoiam sempre, a qualquer hora, em qualquer lado, os adeptos que nos bons momentos estão lá para festejar, e que nos maus, também estão lá para os levantar.

Neste clube, esta foi sempre uma das máximas primordiais: só cá está quem quer, só cá está quem quer ganhar. Para quem não quer, a porta da rua é a serventia da casa.

Por: Miguel Macedo

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